quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Pré-acordo entre PMDB e PT é conversa pra inglês ver"




Ao comentar o pré-acordo firmado entre PT e PMDB para as eleições de 2010, na noite de ontem, em uma rádio de Brasília, o senador José Agripino Maia (DEM) duvidou da confirmação dessa aliança nas convenções do próximo ano.



Agripino ironizou a reunião realizada entre petistas e peemedebistas, durante a qual ficou definido que o PMDB indicará o candidato a vice na chapa presidencial encabeçada pelo PT no próximo pleito.O democrata comparou o pré-acordo das duas legendas ao momento histórico vivido pelo Brasil, na época da escravidão, quando o país criou uma lei fictícia que proibia, no papel, a escravatura, embora na prática o sistema continuasse.



A lei foi criada para manter as relações comerciais com a Inglaterra, que não aceitava fazer negócio com países escravocratas e ficou conhecida como a lei feita pra inglês ver. “Esse pré-acordo entre PMDB e PT foi feito pra inglês ver”, declarou.José Agripino diz acreditar que a divergência entre PMDB e PT em grande parte dos Estados impossibilita a aliança.



O líder do DEM no Senado, principal ícone da oposição ao governo Lula (PT), espera contar com grande parte do PMDB, em 2010, no palanque da oposição, que terá a chapa presidencial encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ou o gestor de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).“Cabe na cabeça de alguém que Germano Rigoto e Fogaça, do PMDB do Rio Grande do Sul, vão se entender com Tarso Genro? Chance zero.



Que o governador de Santa Catarina, Luís Henrique, se entenda com Ideli Salvati, do PT? Chance zero. Que o Orestes Quécia, do PMDB de São Paulo, se junte com Marta Suplicy? Chance zero. Que Jarbas Vasconcelos se entenda com o PT de Pernambuco? Chance zero. Geddel Vieira que acabou de romper com o governador Wagner da Bahia volte a se entender com ele? Chance zero”, ponderou.Agripino ainda articula a formação de aliança com os peemedebistas no Rio Grande do Norte, apoiando a candidatura da senadora Rosalba Ciarlini (DEM) ao governo do Estado.



Para isso, o parlamentar já conta com a simpatia do senador Garibaldi Filho (PMDB). No entanto, o presidente da legenda no Estado, deputado federal Henrique Eduardo, é um dos principais articuladores da união do partido com o PT, tanto nacionalmente quanto em nível local. Agripino espera que Garibaldi vença a queda de braço com Henrique e leve a sigla para a oposição.



Campanha antecipada Em pronunciamento na tribuna do Senado Federal, ontem, o democrata criticou a visita do presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva (PT), e comitiva às obras de transposição do rio São Francisco. O parlamentar acusou o presidente de fazer campanha antecipada para a eleição da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), à presidência da república.



Engrossando o coro do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e do presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Ayres Brito, José Agripino criticou o “vale-tudo eleitoral” descrito pelo ministro do STF e reforçou a ideia de que “não está na hora da caça aos votos”, defendida pelo presidente do TSE.



“Não podemos nos calar diante de uma coisa que o judiciário apresenta como escândalo. A nossa missão é vir aqui protestar e recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral para fazer cumprir a legislação. O governo mostrou à opinião pública o início das obras como se a transposição já estivesse concluída”, ressaltou.

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