segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Robinson e João Maia ameaçam com terceira via

Tradicionalmente possuindo apenas duas candidaturas competitivas nas eleições ao Governo, o RN pode ter um nome alternativo em 2010.
Robinson Faria não descarta sair candidato ao Governo do Estado como alternativa



Há anos o Rio Grande do Norte é palco da bipolarização das campanhas eleitorais. Oposição e situação, Alves e Maias, verdes e vermelhos se revezam no comando do estado através de seus principais líderes ou de aliados.


Para a eleição de 2010, no estado, não mais estará caracterizada a disputa verde e vermelha, mas a bipolarização continua sendo uma possibilidade real, uma vez que a oposição já tem a candidatura definida, que é Rosalba Ciarlini (DEM), e a base governista e parte do PMDB buscam a unificação em torno de um candidato, que deve ser Iberê Ferreira de Souza.



A opção de uma terceira via, no entanto, se mantém viva com as declarações dos deputados Robinson Faria (PMN) e João Maia (PR), que continuam com seus projetos de disputar o Governo. A viabilidade da chamada candidatura alternativa, no entanto, segue como uma incógnita.



Desde 1982, quando José Agripino derrotou Aluízio Alves na disputa pelo Governo do Estado, a bipolarização de forças para a eleição estadual só não ocorreu de maneira clara em 2002, quando Fernando Bezerra (então no PTB), Wilma de Faria (PSB) e Fernando Freire (então governador em exercício) disputaram a sucessão de Garibaldi Alves Filho (PMDB). Em 1986, João Faustino e Geraldo Melo foram os nomes de peso na disputa, com vitória do segundo.



Em 1990, José Agripino mediu forças e venceu Lavoisier Maia, enquanto em 1994 o agora deputado estadual pelo PSB foi mais uma vez derrotado, mas para Garibaldi Filho. Em 1998, os dois lados da moeda eram José Agripino e Garibadi, que foi o primeiro governador reeleito do estado.



Já na eleição de 2006, Garibaldi foi derrotado pela primeira vez em uma eleição, e foi para Wilma de Faria, que representou o "lado vermelho" na disputa por sua reeleição. Para chegar ao poder pela primeira vez, entretanto, participou da única disputa não bipolarizada no estado.





No início de 2002, quando as candidaturas ainda estavam em discussão, a nova força da política estadual era o senador Fernando Bezerra. Líder do Governo Federal no Congresso, o ex-ministro aparecia como favorito para vencer a eleição contra Fernando Freire e Wilma de Faria já no primeiro turno.

Contudo, o então parlamentar sequer conseguiu chegar ao segundo turno, sendo ultrapassado pelo governador em exercício e pela prefeita de Natal e presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn). A derrota de Fernando Bezerra, na opinião de especialista, demonstrou a influência que uma estrutura organizada em mãos pode trazer aos candidatos.
O cientista político e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) João Emanuel Evangelista afirma que não é comum que as candidaturas "alternativas" ganhem densidade eleitoral no Estado. Para ele, a história vem demonstrando que quem tem o poder nas mãos e um representante da oposição geralmente são os protagonistas das disputas eleitorais no Rio Grande do Norte, e até em grandes cidades como São Paulo.

Como exemplo, a eleição que ocorreu em 2008 quando Marta Suplicy, que fazia oposição à gestão de Gilberto Kassab foi para o segundo contra o próprio prefeito que buscava a reeleição e desbancou ninguém menos que Geraldo Alckmin, que iniciou como um dos favoritos na disputa. "Em 2002, Fernando Freire chegou ao segundo turno por estar no Governo, enquanto Wilma tinha o apoio da Prefeitura do Natal e a estrutura organizacional que conseguiu no interior do estado, presidindo a Femurn", explicou.

No cenário que se desenha para 2010 no Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini já é a representante da oposição e lidera as pesquisas de intenção de voto, com o nome interiorizado e conhecido em todas as regiões do estado. Do outro lado aparece o vice-governador Iberê Ferreira, que estará com o Governo nas mãos e já vem percorrendo o estado como candidato.

Os aliados da administração Robinson Faria e João Maia garantem que há a possibilidade real do lançamento de uma terceira via. A viabilidade da eleição, contudo, ainda é uma incógnita para os especialistas. Apesar de Robinson presidir a Assembleia e ele, junto ao deputado João Maia, liderarem dezenas de prefeitos pelo interior do estado, João Evangelista acredita que as candidaturas de Rosalba Ciarlini e Iberê têm estrutura mais organizada e maior potencial eleitoral. Apesar de argumentar que as previsões feitas a quase um ano da eleição não podem ser definitivas, Evangelista acredita que a possibilidade maior é que os deputados abram mão da disputa.
"Na minha interpretação, hoje Robinson Faria e João Maia estão fazendo um movimento muito mais para melhorar o seu potencial de 'negociação' com relação aos dois grandes blocos. Não sei se isso viabilizará uma candidatura. Se viabilizar, é improvável que ela tenha fôlego para disputar com as demais. Tudo é muito arriscado definir com tanto tempo para a eleição, mas a leitura atual é essa", avalia.

Quase que alijados da disputa para serem os indicados da base governista para a disputa do Governo do Estado, João Maia e Robinson Faria garantem que não temem as grandes estruturas e afirmam que é, sim, real a possibilidade de lançarem uma candidatura fora da oposição e fora da base de apoio da governadora. O presidente da Assembleia, inclusive, afirmou diversas vezes que é acostumado a ser subestimado em eleições. A confirmação ou não de que eles vão mesmo para a disputa se apresentando como alternativa deverá sair até o fim do ano.

FrustraçãoPrincipal articulador para a formação da Unidade Potiguar (UP), o deputado federal Henrique Alves parece não ter conseguido o objetivo de manter os deputados João Maia e Robinson Faria unidos ao grupo da governadora Wilma de Faria. Apesar de não declararem a definição pelo afastamento, os presidentes de PR e PMN cada vez mais traçam um caminho diferente do que é pensado pelo líder do PMDB na Câmara dos Deputados.

Aliado e com forte ligação ao presidente da República, Henrique iniciou as discussões dentro da Unidade Potiguar buscando fortalecer um único palanque governista no estado, para que tivesse reflexo na disputa presidencial, quando Dilma Rousseff será a candidata do presidente Lula. Com a dificuldade na definição de um nome, o próprio Henrique - segundo confirmou João Maia - foi convidado pela UP grupo para ser o candidato ao Governo.


O peemedebista não só negou o convite como deu prazo até o fim do ano para a definição do grupo sobre a candidatura. Caso se mantenha o pensamento da terceira via, Henrique sai da Unidade Potiguar com a frustração de, mesmo sendo um dos maiores articulares políticos do país, não ter conseguido encaminhar o processo eleitoral local.
Fonte:Por Júlio Pinheiro

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