Governo tenta convencer Senado a votar a favor da Venezuela no Mercosul

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior pediu a senadores que analisem a questão como empresários, e não políticos

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz nesta quinta-feira (29) mais uma tentativa de aprovar o ingresso da Venezuela no bloco econômico do Mercosul, formado por Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai.

Em reunião da comissão de Relações Exteriores, o senadores devem votar o relatório do tucano Tasso Jereissati (CE), que é contrário a entrada do país no bloco sob a alegação de que Hugo Chávez não obedece princípios democráticos.

A ofensiva governista partiu do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa, que apresentou um voto em separado defendendo justamente o oposto, ou seja, a entrada da Venezuela no bloco. Tasso, no entanto, já admite que pode mudar o voto desde que Chavez se comprometa em cumprir certos princípios democráticos.

No mesmo dia em que o assunto estará na pauta do Congresso, Lula e Chávez se reunirão na cidade de El Trigre, na parte oriental venezuelana. Eles vão participar da primeira colheita de soja plantada com apoio de tecnologia brasileira.

Em declaração à Agência Brasil, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, defendeu ontem que a participação dos venezuelanos no bloco tem de ser analisada sob o ponto de vista econômico e não o político. Segundo ele, o Brasil tem um superavit comercial – em favor dos brasileiros - com a Venezuela de US$ 5 bilhões.

- Conversei com vários senadores, inclusive da oposição, e pedi que eles tratassem do assunto com os empresários. É muito importante que essa adesão ocorra.

Após conseguir a aprovação na comissão, a entrada da Venezuela ainda dependerá de aprovação no plenário da Casa, onde todos os senadores podem votar. Mas o problema de Lula é que o próprio presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aliado do governo, já declarou ser contrário à participação dos venezuelanos no Mercosul.

Antes do assunto ser levado a plenário, porém, alguns parlamentares defendem que um grupo de senadores visite o país de Chávez. A visita também deve ser votada hoje na comissão de relações exteriores.

Para entrar no Mercosul, a Venezuela precisa da aprovação dos quatro países do bloco. Os governos da Argentina e do Uruguai já autorizaram, mas o governo do Paraguai adiou a discussão para 2010, depois que for definida a decisão brasileira.

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