sábado, 31 de outubro de 2009

Novas regras para o transplante

Entre as novidades estão o reajuste dos valores pagos aos procedimentos médicos e os benefícios a pacientes menores de idade
Governo, médicos e pacientes esperam que as mudançascontribuam para que as filas de transplante diminuam



As novas normas que regulamentam os transplantes de órgãos estão valendo desde sexta-feira 30, quando foram publicadas no Diário Oficial.


A expectativa do governo, médicos e pacientes é que, com essas mudanças, o trâmite legal que envolve todo o processo dos transplantes fique mais fácil e contribua para o aumento de doações de órgãos e para a diminuição das filas de pacientes.


As principais mudanças nas regras de transplantes são: - Aumento dos valores pagos à equipe envolvida na entrevista com a família do doador, na captação de órgãos e na cirurgia, e nos procedimentos, como consultas antes do transplante, avaliação dos possíveis doadores e cirurgias para a obtenção de tecidos humanos.


- Os doadores que tenham alguma doença transmissível passam a poder doar seus órgãos para pacientes que tenham a mesma enfermidade, desde que seja com o conhecimento e autorização deles. - A ficha do paciente deverá estar sempre atualizada. Para isso, o atual regulamento traz ajustes para que isso seja feito de maneira automática pela equipe transplantadora.


- Pessoas com idades abaixo de 18 anos passam a ter prioridade para receber órgãos de doadores da mesma idade. - Crianças e adolescentes passam a ter direito a se inscrever na lista para um transplante de rim antes de entrar na fase terminal da doença renal crônica ou de ter indicação para diálise.


- A doação intervivos de doador não aparentado passa a precisar da autorização de uma comissão de ética formada por funcionários e médicos dos hospitais, antes de passar pela autorização judicial. - Criação de organizações de procura de órgãos. São equipes que irão atuar em diversos hospitais com o objetivo de facilitar a doação.




Todas essas mudanças visam melhorar as condições dos transplantes no Brasil, que possuía, até o final do primeiro semestre deste ano, 59.944 pacientes na fila de espera por um órgão. Só à espera de um rim são 31.270 pessoas. De fígado, 4.770, e de coração, 294 pacientes. Dependendo da região e do órgão, a espera pode demorar anos.


O jornalista Reali Jr. aguardou dois anos por um transplante. Diagnosticado com cirrose e câncer de fígado em janeiro de 2007, ele se submeteu, primeiramente, a um tratamento chamado quimioembolização. Nele, o medicamento é aplicado diretamente no tumor.


Os resultados foram animadores, mas não o suficiente para curá-lo. Os médicos, então, indicaram o transplante. “Fiquei desconfiado, transplante pra mim era algo muito abstrato”, lembra.


O jornalista entrou na fila, mas como em São Paulo ela era muito grande – e talvez ele não resistisse, foi para São José dos Campos, onde a espera era menor. Aguardou dois anos e foi operado, com sucesso, em agosto.


- A cirurgia foi muito bem-sucedida. Mas como eu tinha problemas anteriores de saúde, acabei tendo complicações no rim, no pulmão e no coração. Quase precisei fazer outro transplante, dessa vez de rim. Mas, aos poucos, ele voltou a funcionar.


Estou em plena recuperação, já pensando em voltar para Paris, na França, onde moro. Sobre as novas regras dos transplantes divulgadas pelo MS, Reali é bastante otimista, principalmente no que diz respeito aos jovens e crianças.


- É a juventude quem mais precisa viver. Muitas crianças e jovens acabam morrendo na fila, não aguentam esperar. Esse privilégio é muito bom, é uma nova oportunidade de vida para eles.

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