Vice-presidente foi ovacionado pelo plenário em função da luta contra o câncer
Mensagem de Lula, discursos dos presidentes do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não foram suficientes para prender a atenção da audiência no plenário do Congresso. Nem sequer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, manteve-se atenta à sequência de sermões.
Alencar, por sua vez, conseguiu prender a atenção de todos. Sentiu-se estimulado a falar depois que foi ovacionado em pé por cerca de um minuto quando Temer o homenageou pela batalha contra o câncer que trava desde 1997.
O vice levantou-se, agradeceu os aplausos, socou o ar em tom de vitória, aguardou o fim das palavras do presidente da Câmara e pediu para fazer um comentário.Por cerca de cinco minutos, disse sentir saudade do legislativo, elogiou o presidente Lula, fez campanha indireta a favor de Dilma e discorreu sobre o câncer.
Protocolo quebrado, Alencar lembrou que só se tornou vice graças aos votos dados nas duas eleições a Lula e fez uma referência ao número do PT nas urnas. “O Lula me elegeu com o 13”, disse. “Esse mesmo 13 que me homenageia em Minas me conferindo o título de filiado de honra do partido. Então, vejam que as coisas estão indo bem”, emendou Alencar, arrancando um sorriso da ministra Dilma e novos aplausos do plenário.
Houve espaço até para o vice brincar com as manifestações de solidariedade que recebe por conta da doença. “Sou consciente que todo esse apreço que recebi por toda a parte por onde passo advém da solidariedade pela luta contra uma moléstia pesada, que é o câncer, durante muitos anos e 15 cirurgias”, disse e emendou.
“Daí que eu não tenho a ilusão de que isso vai se reverter em votos na eleição. Se eu tivesse esse pensamento, confesso que estaria preparado para receber 100%”.TCUO momento de descontração logo virou catarse para o vice. Alencar falou abertamente sobre a doença e a expectativa de morrer. “Eu sei que ninguém tem a ver com o câncer do Zé Alencar, mas todo mundo tem a ver com o câncer do vice-presidente.
Eu não tenho medo de morrer. Se Deus quisesse me levar, ele não precisaria do câncer”, afirmou. “E tudo indica que ele não quer me levar”, acrescentou.Depois, em entrevista, o vice-presidente encontrou tempo até para lançar críticas, ainda que indiretas, à resolução de Lula de liberar o andamento de obras embargadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Alencar disse desconhecer os detalhes da decisão do presidente, mas, em tese, afirmou ser favorável às análises do tribunal por entender ser preciso cuidado com o bem público. O vice evitou afirmar já estar decidido sobre a candidatura ao Senado. “Eu ainda não decidi”, limitou-se a dizer.ATÉ NA CÂMARAUma terceira via para o destino político de Alencar seria a candidatura para a Câmara, numa estratégia do PRB para formar uma bancada forte de deputados federais.
Nesse cenário, a hipótese de coligação estaria descartada pelo presidente do PRB em Minas, Rogério Colombini. “Tudo está sendo discutido com o Alencar. Precisamos primeiro definir isso internamente para então começarmos as conversas com PCdoB, PHS, PSB, PMDB e PT.”
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