60 dias após decreto de calamidade na saúde, apenas R$ 100 mil dos R$ 4,39
milhões previstos chegaram ao hospital
Sérgio Henrique Santos
Sérgio Henrique Santos
Problemas se acumulam no hospital, novamente com os corredores lotados de pacientes a espera de cirurgias.Fotos: Ana Amaral/DN/D.A Press |
nos corredores, alguns deitados no chão.
A direção da unidade diz estar de mãos atadas e que a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) informa que a burocracia é grande para que a verba do SOS Emergências, por exemplo, chegue ao Walfredo. "A gente está esperando.Sabemos que outros hospitais já começaram as reformas, mas o nosso ainda infelizmente não. Esperamos que até o final dos 90 dias a verba chegue. Senão já teríamos desistido", diz Fátima Pinheiro, diretora do HWG. Enquanto os problemas burocráticos não são resolvidos, a bola de neve de caos se acumula.
Diretora diz estar de mãos atadas e espera verba até o fim dos 90 dias |
Com o fechamento dos seis leitos que ainda funcionam na UTI cardiológica (outros quatro foram desativadospor falta de pessoal), os pacientes tiveram que ficar internados no pronto-socorro, junto com outros pacientes. Os médicos plantonistas dizem que a volta dos serviços está condicionada a reposição dos insumos e medicamento. "Os cardiologistas decidiram suspender as internações até que o governo faça o abastecimento. Não tenho como prever quando a situação estará normalizada", afirma Francisco Braga, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremern).
"Eu faço cirurgias de coluna. Temos um paciente lá em cima com duas vértebras quebradas e a cirurgia estava marcada para amanhã, depois de um mês esperando. Só que o prazo será novamente adiado porque não temos condições", disse o neurocirurgião Zeigle Fernandes.
Fila gigantesca para cirurgias de ortopedia
Em condições igualmente
precárias está quem aguarda por uma cirurgia há mais de um mês, jogado nos
corredores do maior hospital do Rio Grande do Norte. O DN ouviu o relato de
vários pacientes e acompanhantes. O agricultor Francisco de Assis Pereira da
Costa, que veio de Macau, estava internado deitado num papelão no chão do
corredor do Walfredo aguardando sua cirurgia. "Não tem outro canto", disse o
homem. Marconi Paixão Dias, paciente de Nova Cruz, aguarda sua cirurgia na perna
quebrada há 15 dias. "Até agora só aparece comida e água, suco ou café, um
remédio ou outro. Não estou precisando disso. Estou precisando me operar. Não
posso sequer ir ao banheiro, nem deitar. Vejo a hora até me matar", afirmou.
Já Francisco José de Souza, carpinteiro natalense que fraturou a tíbia, chegou recentemente, mas que não aguenta mais a situação. "Não tenho plano de saúde e só posso apelar para o SUS. Quero saber o que a governadora Rosalba Ciarlini e a prefeita Micarla de Sousa fazem com o dinheiro que vem para a saúde", desabafou. Elisa Henrique da Cruz, uma idosa de 94 anos que mora em Serrinha, fraturou o fêmur numa queda e também aguarda a cirurgia ortopédica. "Minha mãe está sofrendo. Desse jeito ela vai se acabar nessa maca", afirmou a filha, Edite Macêdo.
Williane Silva Oliveira, que veio de Macau, recebeu apenas ontem uma pomada no braço, mas ela está internada desde o fim de semana por causa de um acidente de moto. "Minha mãe conseguiu uma vaga num hospital particular de Fortaleza e estou indo para lá amanhã [hoje] me recuperar. Infelizmente no Rio Grande do Norte está impossível".
Com relação à superlotação na ortopedia, a própria diretora Fátima Pinheiro afirmou que o ambiente é "um horror". Mas ela credita o problema à falta de pagamento dos municípios da região metropolitana com as cooperativas médicas que faziam as cirurgias em hospitais de referência, como Deoclécio Marques, Memorial e Médico-Cirúrgico. "Se a ortopedia não funciona, para onde os pacientes vão? Para o Walfredo Gurgel. Se a situação não for resolvida, infelizmente haverá muitas pessoas sequeladas, acompanhantes sem poder trabalhar porque as cirurgias demoram. Todos estão no corredor. Não está saindo ninguém".
Deitado em um papelão, Francisco José não aguentava mais situação no HWG |
Já Francisco José de Souza, carpinteiro natalense que fraturou a tíbia, chegou recentemente, mas que não aguenta mais a situação. "Não tenho plano de saúde e só posso apelar para o SUS. Quero saber o que a governadora Rosalba Ciarlini e a prefeita Micarla de Sousa fazem com o dinheiro que vem para a saúde", desabafou. Elisa Henrique da Cruz, uma idosa de 94 anos que mora em Serrinha, fraturou o fêmur numa queda e também aguarda a cirurgia ortopédica. "Minha mãe está sofrendo. Desse jeito ela vai se acabar nessa maca", afirmou a filha, Edite Macêdo.
Williane Silva Oliveira, que veio de Macau, recebeu apenas ontem uma pomada no braço, mas ela está internada desde o fim de semana por causa de um acidente de moto. "Minha mãe conseguiu uma vaga num hospital particular de Fortaleza e estou indo para lá amanhã [hoje] me recuperar. Infelizmente no Rio Grande do Norte está impossível".
Com relação à superlotação na ortopedia, a própria diretora Fátima Pinheiro afirmou que o ambiente é "um horror". Mas ela credita o problema à falta de pagamento dos municípios da região metropolitana com as cooperativas médicas que faziam as cirurgias em hospitais de referência, como Deoclécio Marques, Memorial e Médico-Cirúrgico. "Se a ortopedia não funciona, para onde os pacientes vão? Para o Walfredo Gurgel. Se a situação não for resolvida, infelizmente haverá muitas pessoas sequeladas, acompanhantes sem poder trabalhar porque as cirurgias demoram. Todos estão no corredor. Não está saindo ninguém".
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